Essa matéria em especial dedico para mais uma indicação de um livro muito famoso na literatura brasileira, conhecer a sua história é imprescindível, pois essa obra é cobrada até mesmo nos melhores e mais concorridos vestibulares. Você com certeza já ouviu falar, então vamos lá!
Foto: divulgação |
Capa de uma das edições do livro |
Falaremos sobre a obra “O Cortiço” escrito em 1890 por Aluísio de Azevedo. A obra é narrada na terceira pessoa, o narrador é Onisciente Apessoal, ou seja, não é um personagem da história mais sabe de tudo o que se passa; Em alguns momentos observamos isso, um exemplo é quando o narrador diz “Eram cinco horas da manhã e o cortiço acordava, abrindo, não os olhos, mas a sua infinidade de portas e janelas alinhadas..." (Capítulo III). A descrição prevalece durante toda a história.
O livro narra inicialmente a saga de João Romão, um português que visa acumular capital. Era dono de uma venda no bairro de Bota fogo, Rio de Janeiro. Ele economizava muito, queria tanto ficar rico que aguentava as mais duras privações. Ele é o protagonista da história.
A obra ganhou adaptação em um filme, você pode conferir aqui também:
PS. Assim como toda adaptação de livros para filmes, essa também foi alvo de elogios e críticas, nem tudo é exatamente igual em alguns aspectos, por isso recomendo que mesmo que assista o filme não substitua pela própria leitura da obra!!
{ESSE RESUMO É RECOMENDADO PARA QUEM QUER CONHECER A HISTÓRIA MAIS AFUNDO E NÃO DE MANEIRA SUPERFICIAL POIS NÃO SE TRATA DE UMA RESENHA DE APRESENTAÇÃO DA OBRA}.
João Romão foi, dos treze aos vinte e cinco anos, empregado de um vendeiro, que, quando voltou para Portugal, lhe deixou não só a venda, como também um conto e quinhentos em dinheiro.
Ilustração: Personagem João Romão |
Bertoleza, uma negra quitandeira que guardava economias perderá seu homem depois de correr uma légua puxando uma carga superior as suas forças. Se aproveitando dessa situação, João Romão propõe ajudá-la. João cria uma carta inventando para a negra que ela estava livre. Com essa falsa notícia, ele só se vê tranquilo três meses depois quando lhe constou a morte do velho. Quando deram fé já estavam amigados. Daí em diante, ele passou a tomar conta dos bens de Bertoleza, até abriu uma poupança no banco para guardar o dinheiro rendido.
Ilustração: Personagem Bertoleza |
Com o desenvolvimento da região, os ganhos da pedreira e de seus negócios, João Romão ergueu uma estalagem que ocupava todos os seus terrenos.
Em oposição a João Romão, Miranda, dono de uma loja de tecidos que compra um sobrado para morar com sua esposa dona Ester e filha Zulmira.
Ilustração: Personagem Miranda |
O dia começara de forma agitada graças a chegada de Rita Baiana que estava de viajem há vários meses. Esta anunciara que ao anoitecer, faria um pagode para alegrar a noite. Muitos se apressaram com os preparativos da noite, já que na casa ao lado à de Rita, a das Dores também teria um jantar. Firmo, atual amante de Rita, e Porfiro chegaram a casa da moça e logo começou a algazarra, ambas as casas com conversas altas e muito barulho.
Ilustração dos personagens da obra |
Como de costume, Jerônimo pôs-se a tocar um fado português, um bem triste, que chamou a atenção daqueles que curtiam a festa, mas este fora acoado pelo pagode de Firmo e Porfiro, que começaram a tocar pela noite. Jerônimo viu a bela Rita Baiana a dançar, e apaixonou-se pela mulher, ficando a observa-la por toda a noite, sem dormir.
No dia seguinte, Jerônimo largou o trabalho durante o almoço e fora para casa descansar, preocupada a mulher não sabia o que acontecera com o homem, que tinha uma saúde de aço. O homem só mostrou reação ao receber Rita em sua casa, que o fizera uma xícara de café para curá-lo. Jerônimo ao agradecer a mulher, tentou agarrá-la, porém a mulata não o deixou fazer.
Leocádia e Henriquinho se engraçaram porém foram pegos por Bruno, homem dela. O menino fugiu sem ser visto, mas ela fora pega ainda a vestir sua saia, após brigas entre ambos Bruno entrou a sua casa e jogou pela janela tudo que era da mulher. Leocádia faria o mesmo com o que era de seu marido. Para não ficar despejada a rua, Rita acolheu a mulher em seu barraco.
Jêronimo passara a se abrasileirar, tomando café pela manhã, comendo comidas à moda de cá e agindo de forma mais preguiçosa. Entretanto, Piedade não seguia seu ritmo e aos poucos estes foram se distanciando. Ela se mordia de ciúmes da Rita Baiana, mas além dela, Firmo também sentia um tremendo ciúme para com Jerônimo. Marciana descobrira que sua filha, Florinda, estava gravida de Domingo o caixeiro da venda de João Romão. As lavadeiras da vila foram até a venda cobrar para que o homem assumisse o filho e que se casasse com a menina.
Miranda recebera o título de Barão do Freixal, o que deixou João Romão possesso. Florinda, após muito apanhar de sua mãe fugiu, Marciana por sua vez derramou-se a chorar. Ao reclamar com João Romão, este a despeja de sua casa. Romão estava irritado com o título de Miranda e maltratou a todos que estavam em teu caminho. Ao passo que Miranda organizara uma festa, porém a festa resultou em confusão envolvendo Firmo e Jerônimo, onde Firmo se saiu por cima. A algazarra envolveu a polícia, mas houve resistência de todos na festa, porém ao perceberem um incêndio no cortiço, todos se comoveram.
Meras ilustrações |
A Bruxa velha influenciada pelas loucuras de Marciana piorou o juízo e ateou fogo no cortiço. Mesmo sendo acudido rapidamente o rastro da destruição era visível.
João Romão andava pelo cortiço varrendo tudo com seu olhar perspicaz e ao mesmo tempo desolado, de quando em quando soltava algum impropério furioso. João Romão meditava profundamente em busca de um caminho para amenizar o prejuízo, palavra que ele não conhecia muito. Sua reflexão logo resultou no aumento do aluguel. Um sentimento de tristeza e desesperanças abateu muito os moradores do cortiço.
A única alegria que ainda podíamos encontrar por lá era só em Pombinha e em sua mãe Isabel. Mesmo Pombinha tendo sido forçada por Leonie em uma relação homo sexual, logo a menina se contagiou de alegria ao romper a sua puberdade e virar mulher, fato que encheu sua mãe de alegria, a felicidade era tanta que as duas saíram pelas ruas do cortiço pra contar a todos em alto e bom som sobre a chegada do sangue fresco que escorreu pelas saias da donzela na grama, fazendo-a mulher. A mãe de Pombinha logo providenciou o casamento da menina.
Alguns locatários abandonavam a estalagem, mesmo assim o número de moradores aumentava e novos casulos apareciam. Agora ao lado se formava um novo cortiço o Cabeça-de- Gato, o cortiço de João Romão fora batizado às pressas pelo nome de Carapicus. João Romão tinha estampado no semblante o sentimento de revolta pela formação do Cabeça-de-Gato ao lado de seu cortiço. O tino comercial apurado de João Romão logo o fez perceber que suas vendas aumentaram significativamente com a construção da nova estalagem, assim acabou esquecendo-se do cortiço Cabeça-de- Gato e voltou-se a preocupar-se com seu algoz imaginário o Miranda que tornara-se Barão. João Romão agora vislumbrava a nobreza, passou a banhar-se em várias águas, perfumar-se, e através de Botelho aproximou ainda mais do Barão.
Durante uma noite chuvosa Pataca ofereceu mais bebidas para Capoeira, e o deixou ainda mais alcoolizado. Pataca aproveitou-se para armar uma emboscada para Firmo. Na praia, com a ajuda de Zé Carlos e Jerônimo atacaram de surpresa. Com a vítima bêbada foi muito mais simples enche-lo de pancadas até a morte. E jogaram o corpo ao mar. Jeronimo voltou ao cortiço e teve uma noite de amor com Rita. Fizeram planos de saírem da estalagem e viverem juntos.
Piedade estava arrependida de ter vindo ao Brasil. Ela descobriu que seu marido estava bem, mas havia fugido de casa. Ao descobrir que Firmo havia sido morto, chegou à conclusão que a culpa havia sido de Rita baiana. Em seguida chegou Rita, feliz, após encontrar Gerônimo. Piedade não aguentou ver a cena e agrediu fisicamente a rival. Como sempre, o cortiço todo parou para ver a briga. Posteriormente todos começaram a se enfrentar. A disputa entre brasileiros e portugueses era evidente. Durante uma batalha, a casa 8 foi incendiada. A confusão cresceu, com diversos móveis atirados na rua, enquanto outros traziam água para apagar o fogo. Os bombeiros salvaram a situação e foram tidos como heróis.
Durante o incêndio, o velho Libório foi pego de surpresa por João Romão, que o seguiu e pegou o velho arrastando um enorme embrulho. Libório ficou agressivo com a presença de João, que logo percebeu do que se tratava: havia no embrulho diversas garrafas de dinheiro guardadas dentro do colchão do pedinte. Em meio as chamas, os dois pareciam iniciar uma briga. Uma parte do teto caiu sobre o velho, o dono da estalagem pegou o embrulho e fugiu. Os portugueses já planejavam construir sua estalagem, com ainda mais casas aproveitando melhor o pátio. Miranda admirava a atitude do seu vizinho. Mais tarde, quando Bertoleza já dormia, João pôs-se a contar quanto dinheiro havia nas garrafas do velho Libório. A quantia era suficiente para pôr em prática seus planos de ampliação do cortiço, apesar de algumas notas mofadas e outras que não mais valiam. Para estas ultimas, João tinha destino certo: embutiria aos poucos nos trocos de venda.
Miranda e o velho Botelho acompanhavam os avanços do São Romão diariamente, admirados. E perguntavam-se como podia um homem de tanta atitude manter um relacionamento que não existia. Botelho procurou João Romão para avisar que poderia pedir a mão de Zulmira com certeza de sucesso. Miranda já havia aprovado a união. Restava resolver-se com Bertoleza, que ouviu a conversa e não pôde segurar suas lagrimas. Enquanto isso Jerônimo estava empregado em outra pedreira e vivia com Rita Baiana em outra estalagem. Lá se entregaram definitivamente a cultura brasileira, aos costumes e modos. Os dois viviam felizes.
O cortiço já não era o mesmo, estava muito diferente. Não só os cômodos, mas os moradores também.
O “Cabeça-de-Gato” estava vencido finalmente. À medida que a estalagem de João Romão prosperava, a outra decaía.
Após a partida de Rita, já não se faziam festas como antes. Mas ainda rolava um pagode ali, era o da das Dores. Quando Piedade viu, logo correu para lá e acabou ficando bêbada.
João Romão ao ver a bagunça, manda todos para casa. Piedade, mesmo bêbada, é a única a questioná-lo sobre seus direitos. Ela arregaça as mangas, mas Pataca se mete no meio e a acalma.
Muito preocupado com Bertoleza, João fica pensando o que fazer para se ver livre da moça, pois ficou sabendo que Zulmira o aceitava para marido. Pensou em matá-la, mas ele seria o primeiro suspeito.
Agostinho, filho de Machona, havia falecido. O vendeiro, com a morte do garoto, ficou pensando o porquê daquilo ter acontecido com o pobre menino e não com Bertoleza.
João tem a ideia de denunciar Bertoleza ao seu dono, como uma forma de se livrar dela. Bertoleza, desconfiada, passa a ficar mais atenta com tudo e todos ao redor dela.
Enquanto isso, como a casa comercial de João Romão, prosperava igualmente sua avenida.
De desgosto em desgosto, toda hora vendo Pombinha chegar cansada depois de uma orgia, Dona Isabel morreu.
Piedade já estava completamente entregue à bebida, e era abusada por homens todos os dias.
Botelho avisa João que o dono de Bertoleza já estava sabendo da situação de sua escrava e em pouco tempo estaria lá para pegá-la. Bertoleza, ao ser surpreendida pelo seu dono, já compreende toda a situação. Quando se vê sem saída, ela rasga seu ventre lado a lado, causando uma enorme poça de sangue. João Romão recebe o diploma de sócio benemérito.
ilustração: O triste final de Bertoleza que tirou sua própria vida |
Sobre o autor:
Aluísio Tancredo Belo Gonçalves de Azevedo
(São Luís, 14 de abril de 1857 — Buenos Aires, 21 de janeiro de 1913) foi um romancista, contista, cronista, diplomata, caricaturista e jornalista brasileiro; além de bom desenhista e discreto pintor.
Divulgação: Aluísio de Azevedo |
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