sábado, 17 de outubro de 2015

Geração Canguru- Jovens adultos sem pressa de sair de casa

Foto de nossa autoria*
Por: Juliane Alvarenga e Michele Monteiro


Em contraste com as décadas de 60 e 70, quando a juventude idealista saía em busca de autonomia para morar em qualquer 'cafofo', hoje há jovens adultos sem pressa de sair de casa. Os jovens entre 25 e 34 anos que ainda vivem com os pais já têm um nome: geração canguru. O apelido vem da comparação dos cangurus, que só saem da bolsa das mães quando realmente se sentem seguros, assim como esses jovens. Este é um fenômeno em crescimento no Brasil, onde um em cada 4 filhos nesta faixa etária ainda vivem com parentes, de acordo com o IBGE.

Para eles, a liberdade está dentro do quarto, com casa, comida e roupa lavada. A "geração canguru" aproveita a comodidade para juntar uma grana, ter uma qualidade de vida melhor ou apenas resistir em assumir as responsabilidades da vida adulta independente. Sem o conflito de gerações e empenhados em dar aos filhos a liberdade que não tiveram no seu tempo, os pais nada cobram em troca da boa companhia. Em alguns casos nem são cobrados para ajudar financeiramente dentro de casa. Então, por que largar tudo isso?

O estilo canguru de ser é predominantemente masculino. O perfil é de rapazes, de 29 a 32 anos, solteiros ou que separaram e voltaram para casa dos pais. Quase todos são bem-sucedidos, com pós-graduação e bons carros. São grandes na função que exercem, mas se acham incapazes de cuidar de uma casa. Em contrapartida, as mulheres são mais independentes e buscam cada vez mais seu espaço, tanto pessoal, quanto profissional. Dessa forma, correm mais atrás para manter sua liberdade.

Não é à toa que encontramos seres humanos imitando esse comportamento animal por todo o Brasil. 

                                     

"(...)tendo minha mãe por perto fica tudo mais fácil. " 

Marcelo Rodrigues tem 28 anos, é formado em enfermagem, já fez duas graduações, está cursando a terceira e ainda mora com os pais. "Eu já tenho estabilidade financeira o suficiente para morar sozinho, mas isso seria muito chato, teria que me preocupar em cuidar da casa, organização, limpeza, e tendo minha mãe por perto fica tudo mais fácil. "

                                                  "(...)continua sendo o meu bebê."

Sandra Rodrigues é a mãe canguru do Marcelo, todos os dias às 17:30 ela estaciona o carro próximo à estação de metrô Jardim São Paulo. "Eu venho buscar ele com o maior prazer, mesmo com os seus 28 anos, ele continua sendo o meu bebê." Marcelo faz o resto do percurso na bolsa da mãe, ou melhor, no carro.

Pequenos mimos são características dessa Geração Canguru, que encontra cada vez mais dificuldades de deixar carinho, comida na mesa e roupas lavadas para trás.

A psicóloga Ranielle Moreira esclarece os benefícios para esses jovens adultos: "Esses cangurus estão mais presentes nas regiões metropolitanas, o tardar dessa saída de casa, é uma vantagem para quem pode. É uma forma de se qualificar mais, acumular mais recursos para comprar um apartamento, móveis de melhor qualidade, comprar um carro. Eles estão em um tempo de espera para um momento melhor, pois é de extrema importância ir para o mundo e assumir responsabilidades."



Em contrapartida, temos é não podemos deixar de citar, jovens que ainda buscam a sua independência. Há casos em que eles se colocaram bem no mercado de trabalho, graças ao seu período de estudo, garantindo assim uma renda para deixar a bolsa da mãe. Entre eles, encontramos os que estão enfrentando uma jornada de transição para alcançar ainda sua liberdade, casos de jovens que estudam e trabalham ao mesmo tempo, em períodos diferentes, abrindo mão de lazeres, em busca de um futuro próspero.



2 comentários:

  1. Excelente. Parece ser cômodo para ambos os lados. Há mães e papais que como está dito no texto tudo o que querem é companhia. O fato é que nos é difícil encarar o ninho vazio .Então para papais e mamães isto é um bem. Para os filhos nem tanto pois estão retardando um processo importante da vida que é adquirir autonomia e independência. As ilustrações ficaram ótimas!!!

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    Respostas
    1. Que bom que gostou Marly, obrigada!
      Continue conectada conosco :)

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