quarta-feira, 25 de fevereiro de 2015

Vencendo a oposição em busca de um sonho


Para alcançar o objetivo de ser jornalista Flávia enfrenta suas limitações por ser deficiente física e encara o preconceito de frente. "As pessoas geralmente são cruéis", diz ela, "Foi difícil arrumar emprego..."


Por Juliane Alvarenga

Flávia do Carmo de Paula Flores, 23 anos, estudante de Jornalismo na Faculdade Paulus de Tecnologia e comunicação (FAPCOM). Mora na Vila Carrão, Zona Leste de São Paulo. Atualmente trabalha com arquivos de documentos na área da saúde de uma grande empresa.

Porque você escolheu Jornalismo?
Gosto de escrever. As pessoas falam que argumento bem e sou criativa, por isso fiquei um tempo pensando em fazer Publicidade e Propaganda, mas o jornalismo me pareceu mais adequado. Quando pequena escrevia muitas cartas de amor, mas não tinha coragem de entrega-las.

Dentro da profissão escolhida, você pretende atuar em qual área?
Na área de edição, em revista. Ser colunista e criar artigos de opinião. No colegial montei uma revista com o tema de beleza dos anos 50, com essa experiência achei muito legal. Desde então pretendo atuar no ramo. Fotojornalismo também me atrai, as pessoas dizem que tenho “bom olho”.

Se seus planos na profissão não dessem certo, qual seria seu plano B?Tentaria algo voltado para Publicidade e Propaganda. Penso até mesmo que o mercado é mais abrangente. Poderia criar comerciais, roteiros... Existe um grande leque de oportunidades.

Na sua opinião qual a área mais disponível atualmente em Jornalismo?
Acredito eu que Assessoria de Comunicação é a área mais disponível atualmente.

Quando optou por essa profissão, como foi a reação de seus familiares? Minha falecida mãe provavelmente não gostaria muito, pois ela queria que eu fosse advogada. Acredito que haveria oposição da parte dela. Meu pai já não opina quanto a isso. Minha madrinha é jornalista e na época que eu estava escolhendo ela me alertou de que não é uma profissão fácil, mas eu mesmo assim quis arriscar. Gosto da área.

Daqui a dez anos como você se imagina profissionalmente?
Pretendo estar em uma assessoria, revista ou cargo público atuando em algum editorial, por exemplo um jornal local da cidade.

As pessoas comentam muito sobre a extinção do jornal impresso. Em sua opinião, isso acontecerá?
Não! O jornal ainda é muito procurado. As pessoas ainda leem. Os portais de notícias virtuais têm cada vez adquirido mais espaço, talvez até substitua o papel para determinados leitores, mas o jornal é relevante. Cada um tem seu espaço. Uns acompanham pela televisão, outros pelo rádio, e assim vai. Não consigo imaginar passar por uma banca e não ter jornal.

Tem algum profissional da área que te inspira?
Sim. Rachel Sheherazade. Ela não tem medo de expor sua opinião quando necessário e não perde uma oportunidade de criticar o que julga errado.

Qual a sua rotina para se manter atualizada?
Pela internet, portais como UOL e aplicativos. E pela televisão, programas como Fantástico, Bom dia SP e SPTV... E esporadicamente acompanho matérias que acho interessantes.

Quais os seus planos acadêmicos?
Prosseguir com os estudos voltados para comunicação, trabalhar em editorial. Mais para frente fazer um curso de Rádio e TV e também aprender novos idiomas.

Qual é a definição de Jornalismo para você?
A definição é muito complexa. É o modo de se comunicar com as pessoas por vários meios de comunicação, TV, rádio, jornal... Cada pessoa tem sua preferência. É um todo, aberto para todas as pessoas, de todas as idades e classes sociais. O Jornalismo é feito pelas pessoas.

Agora falando um pouco mais sobre a sua vida pessoal, qual é a sua deficiência e como aconteceu?
Eu tenho sequela de luxação congênita no quadril, escoliose. Foi um problema de oxigenação no parto. Tomei água do parto, fiquei por seis meses e trinta dias internada. Minha irmã gêmea não sofreu tantas complicações, apenas reclamava de muita dor nos pés, sendo assim ela usou palmilha por um tempo, fez tratamentos e logo se recuperou. Minha irmã não passou por metade do que passei e ainda passo. As pessoas pensam que tenho paralisia cerebral, mas nunca foi diagnosticado e eu não me vejo assim. Além de mancar eu tenho dificuldades com a fala mas nunca procurei um especialista, deve ser algum efeito do ocorrido.

Você ainda sofre preconceito por causa de sua deficiência?
Sim, sofri e sofro muito preconceito. Para encontrar emprego foi muito difícil, as pessoas me julgam incapaz. Sofria muito bullying na escola, ninguém me respeitava. Criavam piadinhas da minha coluna e meu jeito. Hoje em dia ainda sou discriminada. 

Anteriormente você disse que sua mãe faleceu. Qual era a sua relação com ela?   
Minha mãe não me deixava sair sozinha, mesmo quando me tornei de maior. Ela era muito protetora, o que de certa forma foi um atraso em minha vida porque eu era muito dependente dela. Por exemplo, quando eu decidi que começaria ir à escola sozinha ela mandou meu irmão mais velho me seguir secretamente. Minha mãe faleceu em 2007, sofri muito com a perda. A causa da morte foi câncer no fígado aos 58 anos.

Já que você era dependente de sua mãe como você conseguiu superar e se tornar uma pessoa mais independente?
Através da AVAP (Associação de Valorização de Pessoas com Deficiência Física) lá fazíamos muitas atividades externas e a interação com as pessoas em situações parecidas foi um grande incentivo. Só tenho receios em me envolver sentimentalmente com alguém, as pessoas por sua maioria foram muito cruéis comigo.

Qual a sua opinião sobre o sistema de Cotas?
Acho que é benéfico porque você concorre com um menor número de pessoas sendo assim tem maiores chances. Mas também penso na questão da capacidade, um deficiente é tão capaz quanto aquele que não tem deficiência. 

sexta-feira, 20 de fevereiro de 2015

As tecnologias e a perca do "olho no olho"


Constantemente há evoluções tecnológicas, claro que isso é bom. Facilita nossas vidas. Precisamos mesmo nos manter atualizados etc. Sou apaixonada pela tecnologia, mas a proposta dessa matéria é outra nesse momento. Aqui vou expor minha opinião de que não podemos perder certas essências que nos proporcionam bons costumes. Vou explicar onde quero chegar...

Há um tempo atrás tive uma experiencia que me fez refletir bastante sobre as percas que a tecnologia avançada gerou. Aconteceu que encontrei uma pessoa com quem estudei por um longo período, não sei exatamente dizer a quanto tempo mas foi por anos no colegial, depois não vi mais essa pessoa. Até que recentemente nos encontramos na rua e a mesma me disse com tom de surpresa: "Nossa, seus olhos são verdes!"... Entendeu onde quero chegar? Em anos a pessoa não percebeu nem a cor dos meus olhos, e olha que conversávamos bastante e fazíamos muitos trabalhos nos mesmos grupos. Não encarei como algo pessoal, apenas fiquei pensando que ao mesmo tempo que o meio virtual te aproxima de algumas pessoas te afasta de outras que estão ali ao seu lado diariamente.


Para refletir:

"Eu temo o dia em que a tecnologia ultrapasse nossa interação humana, e o mundo terá uma geração de idiotas" (Albert Einstein)


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