Para alcançar o objetivo de ser jornalista
Flávia enfrenta suas limitações por ser deficiente física e encara o
preconceito de frente. "As pessoas geralmente são cruéis", diz ela, "Foi difícil arrumar emprego..."
Por Juliane Alvarenga
Flávia
do Carmo de Paula Flores, 23 anos, estudante de Jornalismo na Faculdade Paulus
de Tecnologia e comunicação (FAPCOM). Mora na Vila Carrão, Zona Leste de São
Paulo. Atualmente trabalha com arquivos de documentos na área da saúde de uma
grande empresa.
Porque você escolheu Jornalismo?
Gosto de escrever. As pessoas falam que argumento bem e sou criativa, por isso fiquei um tempo pensando em fazer Publicidade e Propaganda, mas o jornalismo me pareceu mais adequado. Quando pequena escrevia muitas cartas de amor, mas não tinha coragem de entrega-las.
Gosto de escrever. As pessoas falam que argumento bem e sou criativa, por isso fiquei um tempo pensando em fazer Publicidade e Propaganda, mas o jornalismo me pareceu mais adequado. Quando pequena escrevia muitas cartas de amor, mas não tinha coragem de entrega-las.
Dentro da profissão escolhida, você
pretende atuar em qual área?
Na área de edição, em revista. Ser colunista e criar artigos de opinião. No colegial montei uma revista com o tema de beleza dos anos 50, com essa experiência achei muito legal. Desde então pretendo atuar no ramo. Fotojornalismo também me atrai, as pessoas dizem que tenho “bom olho”.
Na área de edição, em revista. Ser colunista e criar artigos de opinião. No colegial montei uma revista com o tema de beleza dos anos 50, com essa experiência achei muito legal. Desde então pretendo atuar no ramo. Fotojornalismo também me atrai, as pessoas dizem que tenho “bom olho”.
Se seus
planos na profissão não dessem certo, qual seria seu plano B?Tentaria algo
voltado para Publicidade e Propaganda. Penso até mesmo que o mercado é mais
abrangente. Poderia criar comerciais, roteiros... Existe um grande leque de
oportunidades.
Na sua opinião qual a área mais disponível
atualmente em Jornalismo?
Acredito eu que Assessoria de Comunicação é a área mais disponível atualmente.
Acredito eu que Assessoria de Comunicação é a área mais disponível atualmente.
Quando optou por essa profissão, como foi
a reação de seus familiares? Minha falecida mãe
provavelmente não gostaria muito, pois ela queria que eu fosse advogada.
Acredito que haveria oposição da parte dela. Meu pai já não opina quanto a
isso. Minha madrinha é jornalista e na época que eu estava escolhendo ela me
alertou de que não é uma profissão fácil, mas eu mesmo assim quis arriscar.
Gosto da área.
Daqui a dez anos como você se imagina
profissionalmente?
Pretendo estar em uma assessoria, revista ou cargo público atuando em algum editorial, por exemplo um jornal local da cidade.
Pretendo estar em uma assessoria, revista ou cargo público atuando em algum editorial, por exemplo um jornal local da cidade.
As pessoas comentam muito sobre a extinção
do jornal impresso. Em sua opinião, isso acontecerá?
Não! O jornal ainda é muito procurado. As pessoas ainda leem. Os portais de notícias virtuais têm cada vez adquirido mais espaço, talvez até substitua o papel para determinados leitores, mas o jornal é relevante. Cada um tem seu espaço. Uns acompanham pela televisão, outros pelo rádio, e assim vai. Não consigo imaginar passar por uma banca e não ter jornal.
Não! O jornal ainda é muito procurado. As pessoas ainda leem. Os portais de notícias virtuais têm cada vez adquirido mais espaço, talvez até substitua o papel para determinados leitores, mas o jornal é relevante. Cada um tem seu espaço. Uns acompanham pela televisão, outros pelo rádio, e assim vai. Não consigo imaginar passar por uma banca e não ter jornal.
Tem algum profissional da área que te
inspira?
Sim. Rachel Sheherazade. Ela não tem medo de expor sua opinião quando necessário e não perde uma oportunidade de criticar o que julga errado.
Sim. Rachel Sheherazade. Ela não tem medo de expor sua opinião quando necessário e não perde uma oportunidade de criticar o que julga errado.
Qual a sua rotina para se manter atualizada?
Pela internet, portais como UOL e aplicativos. E pela televisão, programas como Fantástico, Bom dia SP e SPTV... E esporadicamente acompanho matérias que acho interessantes.
Pela internet, portais como UOL e aplicativos. E pela televisão, programas como Fantástico, Bom dia SP e SPTV... E esporadicamente acompanho matérias que acho interessantes.
Quais os seus planos acadêmicos?
Prosseguir com os estudos voltados para comunicação, trabalhar em editorial. Mais para frente fazer um curso de Rádio e TV e também aprender novos idiomas.
Prosseguir com os estudos voltados para comunicação, trabalhar em editorial. Mais para frente fazer um curso de Rádio e TV e também aprender novos idiomas.
Qual é a definição de Jornalismo para
você?
A definição é muito complexa. É o modo de se comunicar com as pessoas por vários meios de comunicação, TV, rádio, jornal... Cada pessoa tem sua preferência. É um todo, aberto para todas as pessoas, de todas as idades e classes sociais. O Jornalismo é feito pelas pessoas.
A definição é muito complexa. É o modo de se comunicar com as pessoas por vários meios de comunicação, TV, rádio, jornal... Cada pessoa tem sua preferência. É um todo, aberto para todas as pessoas, de todas as idades e classes sociais. O Jornalismo é feito pelas pessoas.
Agora falando um pouco mais sobre a sua
vida pessoal, qual é a sua deficiência e como aconteceu?
Eu tenho sequela de luxação congênita no quadril, escoliose. Foi um problema de oxigenação no parto. Tomei água do parto, fiquei por seis meses e trinta dias internada. Minha irmã gêmea não sofreu tantas complicações, apenas reclamava de muita dor nos pés, sendo assim ela usou palmilha por um tempo, fez tratamentos e logo se recuperou. Minha irmã não passou por metade do que passei e ainda passo. As pessoas pensam que tenho paralisia cerebral, mas nunca foi diagnosticado e eu não me vejo assim. Além de mancar eu tenho dificuldades com a fala mas nunca procurei um especialista, deve ser algum efeito do ocorrido.
Eu tenho sequela de luxação congênita no quadril, escoliose. Foi um problema de oxigenação no parto. Tomei água do parto, fiquei por seis meses e trinta dias internada. Minha irmã gêmea não sofreu tantas complicações, apenas reclamava de muita dor nos pés, sendo assim ela usou palmilha por um tempo, fez tratamentos e logo se recuperou. Minha irmã não passou por metade do que passei e ainda passo. As pessoas pensam que tenho paralisia cerebral, mas nunca foi diagnosticado e eu não me vejo assim. Além de mancar eu tenho dificuldades com a fala mas nunca procurei um especialista, deve ser algum efeito do ocorrido.
Você ainda sofre preconceito por causa
de sua deficiência?
Sim, sofri e sofro muito preconceito. Para encontrar emprego foi muito difícil, as pessoas me julgam incapaz. Sofria muito bullying na escola, ninguém me respeitava. Criavam piadinhas da minha coluna e meu jeito. Hoje em dia ainda sou discriminada.
Sim, sofri e sofro muito preconceito. Para encontrar emprego foi muito difícil, as pessoas me julgam incapaz. Sofria muito bullying na escola, ninguém me respeitava. Criavam piadinhas da minha coluna e meu jeito. Hoje em dia ainda sou discriminada.
Anteriormente você disse que sua mãe
faleceu. Qual era a sua relação com ela?
Minha mãe não me deixava sair sozinha, mesmo quando me tornei de maior. Ela era muito protetora, o que de certa forma foi um atraso em minha vida porque eu era muito dependente dela. Por exemplo, quando eu decidi que começaria ir à escola sozinha ela mandou meu irmão mais velho me seguir secretamente. Minha mãe faleceu em 2007, sofri muito com a perda. A causa da morte foi câncer no fígado aos 58 anos.
Minha mãe não me deixava sair sozinha, mesmo quando me tornei de maior. Ela era muito protetora, o que de certa forma foi um atraso em minha vida porque eu era muito dependente dela. Por exemplo, quando eu decidi que começaria ir à escola sozinha ela mandou meu irmão mais velho me seguir secretamente. Minha mãe faleceu em 2007, sofri muito com a perda. A causa da morte foi câncer no fígado aos 58 anos.
Já que você era dependente de sua mãe
como você conseguiu superar e se tornar uma pessoa mais independente?
Através da AVAP (Associação de Valorização de Pessoas com Deficiência Física) lá fazíamos muitas atividades externas e a interação com as pessoas em situações parecidas foi um grande incentivo. Só tenho receios em me envolver sentimentalmente com alguém, as pessoas por sua maioria foram muito cruéis comigo.
Através da AVAP (Associação de Valorização de Pessoas com Deficiência Física) lá fazíamos muitas atividades externas e a interação com as pessoas em situações parecidas foi um grande incentivo. Só tenho receios em me envolver sentimentalmente com alguém, as pessoas por sua maioria foram muito cruéis comigo.
Qual a sua opinião sobre o sistema de
Cotas?
Acho que é benéfico porque você concorre com um menor número de pessoas sendo assim tem maiores chances. Mas também penso na questão da capacidade, um deficiente é tão capaz quanto aquele que não tem deficiência.
Acho que é benéfico porque você concorre com um menor número de pessoas sendo assim tem maiores chances. Mas também penso na questão da capacidade, um deficiente é tão capaz quanto aquele que não tem deficiência.